sexta-feira, 22 de julho de 2011

FISIOGNOMONIA - VOCÊ SABE O QUE É?

Espelho, espelho meu...
Olá queridos, como a primeira impressão é a que fica, nós seres humanos,  costumamos julgar de pronto o nosso semelhante, um arremedo do que chamamos de fisiognomonia .


Ainda é comum, mesmo em um mundo dominado pela tecnologia da informação, ouvirmos alguém dizer “não fui com a cara do fulano” ou “beltrano me parece uma boa pessoa”, a justificar a velha mania do ser humano de julgar o outro. Muitas vezes, nos casos negativos, basta um esbarrão fortuito, um aperto de mão não tão apertado, um olhar atravessado. Os olhos ou o rosto, evidentemente, estão sempre mais sujeitos a esse tipo de análise, embora a fisiognomonia – termo oriundo do grego physionomon – seja a ciência que avalia não só o rosto, mas todo o físico da pessoa.

Alguns apontamentos indicam que a prática surgiu no Oriente, mas há registros de seu uso anterior à Era Cristã, tanto no Oriente quanto no Ocidente. Hipócrates, pai da medicina ocidental, pressupôs a teoria dos quatro temperamentos ou humores, determinando através deles a aparência das pessoas. Além de registros gregos, há indícios romanos, árabes, indianos e chineses. Acredita-se que a fisiognomonia seja anterior à astrologia e à quiromancia.

Para uma análise correta, é necessário observar dezenas de sinais e traços adicionais, conforme o fisiognomonista e terapeuta metafísico Fábio Pellozzo. “Uma boa leitura é feita do conjunto. Mas para ver como o conjunto se comporta, é muito importante a análise das partes.” Segundo ele, a pessoa consegue “mascarar” o consciente, mas não o inconsciente. A grande maioria das expressões faciais não é consciente. O rosto expressa o mais profundo pensamento, sentimento, emoção.

Da mesma forma que os olhos são o espelho da alma, como se apregoa por aí, o rosto é o reflexo do inconsciente do ser humano. Todos os traços, rugas, sinais, marcas denunciam o que se passa pelo interior da pessoa. Além disso, ao nascer, ela herda traços que ao longo da vida se alterarão, sem falar que o desenvolvimento de uma das regiões do rosto indica suas tendências dominantes. “O rosto é dividido em três áreas: superior, que corresponde à testa; média, que vai das sobrancelhas à raiz do nariz; e inferior, que se inicia na raiz do nariz e vai até o final do queixo. Essa divisão permite uma primeira leitura”, explica Pellozzo.

Face a face - De acordo com o fisiognomonista, a área da fronte resguarda a intelectualidade; a zona mediana relaciona-se aos sentimentos, às emoções, ao ego; e a última parte evidencia a materialidade. Para cada área da face é possível um desenvolvimento horizontal ou vertical. “Tudo o que se desenvolve horizontalmente tem um desenvolvimento relacionado à materialidade, de força de caráter, de terra. Já o que se desenvolve verticalmente tem um desenvolvimento de intelectualidade e de espiritualidade. É importante destacar que se uma das partes prevalece sobre as outras, as faculdades a ela relacionadas determinam um gênero de desequilíbrio interior.”

Dessa maneira, o desenvolvimento superior indica maiores faculdades mentais; o mediano aponta hipersensibilidade, emotividade; e o inferior a predominância dos elementos instintivos. Na análise do rosto, entram o tamanho e a forma dos olhos, a cor e o brilho, o posicionamento da íris, as sobrancelhas e a maneira de olhar, além da boca, orelhas, maçãs, testa e queixo. É preciso estudar o conjunto para poder traçar um perfil completo, conforme o terapeuta.

A ausência de sinais ou marcas no semblante, o que é muito raro, é um indício de que a pessoa é completamente passiva. “Quando não existem rugas, traços e outros sinais, observamos a estrutura óssea da face. Uma pessoa que sofre do mal de Alzheimer é um exemplo clássico de um indivíduo que apresenta a pele totalmente lisa”, comenta Pellozzo. Ela perde todas as características porque o cérebro tem sua capacidade de funcionamento afetada, ou seja, ela não tem nada na cabeça.

Segundo o fisiognomonista, quando alguém recorre à cirurgia plástica, em busca de rejuvenescimento, está expondo uma mudança que já ocorreu internamente. Quando o resultado não é satisfatório, é sinal de que o seu inconsciente não está preparado para aquela alteração. “Toda mudança física vem de um processo mais antigo do inconsciente. A plástica serve para acelerar o processo da mudança física.”


No livro A Linguagem do Rosto, Umberto Eco aborda a efetividade da fisiognomonia na prática, ao lembrar que Aristóteles já havia tocado no assunto. O dado básico é a hipótese de que se poderia julgar o caráter de um homem ou animal a partir de sua estrutura corporal. O escritor também relata que coube ao naturalista inglês Charles Darwin e ao criminologista italiano Cesare Lombroso darem um caráter científico à fisiognomonia. “A frenologia postula que tudo encontra representação na superfície do cérebro: faculdades mentais, tendências, instintos, sentimentos.” Por exemplo, aqueles com acentuadas qualidades mnemônicas têm o crânio redondo, olhos salientes e distantes um do outro.

Os estudos de Lombroso foram utilizados recentemente na análise de Alexandre Nardoni, durante o seu julgamento pelo assassinato de sua filha, Isabella, que culminou na sua condenação. O seriado “Lie to Me”, da Fox, aborda a aplicação prática da fisiognomonia. Similar à série “Angela’s Eyes”, da Lifetime, o programa apresenta as investigações de uma equipe formada por especialistas em detectar mentiras.

No seriado, mínimos gestos e expressões são interpretados pelos cientistas do comportamento, a serviço de diversos órgãos e entidades, entre eles, FBI, polícia, empresas particulares e até mesmo para pessoas dispostas a descobrir possíveis fraudes. O personagem principal do “Angela’s Eyes” é inspirado no psicólogo Paul Ekman, especialista em linguagem corporal e expressões faciais.


Estilo mosaico - Um bom exemplo do uso da fisiognomonia está descrito numa passagem do livro Talmud Judaico. Houve um rei árabe que admirava profundamente Moisés, por haver libertado o seu povo da opressão egípcia, de acordo com a descrição do Êxodo. Tal era sua admiração, que enviou um pintor para que lhe fizesse um retrato. Quando este retornou, o rei apresentou o retrato a seus sábios especialistas em fisiognomonia para que fizessem um diagnóstico psicológico de Moisés.

Na análise dos sábios, o retrato dava conta de um homem com uma energia tremenda, com instintos terríveis, capaz de qualquer crueldade. O rei ficou atônito ante as explicações de seus fisiognomonistas, sem saber quem tinha razão. Ao visitar Moisés pessoalmente, este respondeu seu dilema sobre quem tinha razão: seu pintor ou seus sábios.

“Todos estão com razão. Em verdade, esses traços de crueldade e dureza que me atribuem teus sábios, tive-os que dominar até o ponto de criar em mim uma segunda natureza capaz de controlá-los.” Com essas palavras, Moisés quis dizer que embora seu rosto fornecesse indícios implacáveis de seu comportamento, ele, como ser humano, tinha o livre-arbítrio de direcionar suas energias de forma positiva ou negativa. Portanto, julgar ou tentar desvendar um indivíduo por meio de parcos sinais de expressão pode fazer uma pessoa incidir no erro.

Até a próxima, bjoca.............

Fonte: Revista Kalunga

Nenhum comentário:

Postar um comentário